quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Benjamin Clementine deixa público a desejar mais



"Se pensarmos bem, a performance não é irónica: Benjamin Clementine e o seu baterista não se apresentam em palco sem sapatos e sem camisa porque querem comentar ou ter uma perspectiva lúdica sobre o que foi a vida crítica de sem-abrigo do artista (emigrado de Londres para Paris com 19 anos, fugido da família, só com 60euros e uma mala cheia de esparguete, Clementine dorme underground em soleiras, arcadas, praças, onde desse e depois corre um ano a viver em hostels de 20euro/dia a dividir quartos com 10, sempre em busca das camas de baixo onde pudesse guardar uma viola meia partida e um órgão barato de ligar à corrente). Não, eles apresentam-se em palco sem sapatos e sem camisa porque é assim que o público anseia poder vê-los - para poder experimentar ao vivo a pobreza e poder participar no processo de superação do artista que começou como homem pobre e na adversidade foi (e nos ventos do metro parisiense) descoberto, amparado, lapidado e agora está ali em consagração, coisa que acontece desde o primeiro minuto em que esta quarta-feira entrou no palco da sala Suggia da Casa da Música, no Porto.(...)Com um único disco lançado no início deste ano ("At least for now"), já é muito popular, Clementine: as cinco datas em Portugal estão a correr esgotadas e a sala mais pequena, o Teatro das Figuras em Faro, onde toca este sábado, é de 600 lugares, e a maior é a do Coliseu de Lisboa, que vai encher esta sexta-feira dentro do festival Vodafone Mexefest."

Sem comentários:

Enviar um comentário