quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

De 10 a 16 de Dezembro

Há uma linha em Lisboa que não separa coisa nenhuma. As linhas (no plural, de resto) estão em toda a parte: nas cordas da roupa que seca à janela ao cheiro do vento, no fio de nylon dos já poucos pescadores à beira-Tejo, no teto verde claro dos táxis que se mantêm fiéis às cores não beges a que durante anos nos habituaram, nos carris dos elétricos – os que se usam e os que já só transtornam, nas linhas das folhas de jornais que se enchem de castanhas por tuta e meia, nas linhas do sol a atravessar a Estação do Oriente, na gaita que o amolador sopra da sua bicicleta.
As linhas em Lisboa só aproximam, não separam. Lisboa tem um norte e tem um sul mas esse equador só separa o tempo; tem uma esquerda e uma direita que marcam apenas lugares no Palácio de São Bento; tem um cima e um baixo, mas só os usamos para dividir os feitios aluados dos terra-a-terra.
No final do dia, do ano, quando chega Dezembro, estamos todos alinhados: somos todos lisboetas.
Esta semana temos a Mostra do Cinema da América Latina, documentário dos 25 anos dos Censurados e uma Festa de Natal que celebra a criatividade.

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