Assinala-se hoje, 21 de fevereiro, o Dia
Internacional da Língua Materna, proclamado pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 17 de novembro de
1999.
“Não tenho sentimento nenhum político ou
social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. MINHA
PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem
Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com
ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal
português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia
simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe
errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o
escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e
ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero
manto régio, pelo qual é senhora e rainha.”
Livro do Desassossego, Vol. I, por Bernardo Soares, Semi-Heterónimo de Fernando Pessoa
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