Neste Dia da Mulher partilhamos reflexões de Helena Vaz da Silva (1939-2002), Presidente do CNC entre 1978 e 2002
(…) “A maior conquista das mulheres é que o princípio da igualdade esteja hoje, nas sociedades democráticas ocidentais, consagrado ao nível das leis e das instituições. Valeu a pena o esforço de todas as pioneiras que lutaram pelos “direitos das mulheres”, valeu até a pena o desvio folclórico de algum feminismo exacerbado - que, confesso, nunca partilhei. As grandes conferências da ONU, do Cairo e de Pequim foram pontas do iceberg de um longo combate individual e colectivo que está a dar os seus frutos. O próprio termo “direitos das mulheres” já pertence ao passado. A luta não é mais por um lugar ao sol, mas pela paridade na diferença.
A batalha institucional na Europa já está quase ganha - Livros Verdes, Directivas, Regulamentos e programas de Acção Comunitários consagram a igualdade de oportunidades que é afinal a única igualdade que interessa. Consagra-se o conceito de “mainstreaming” que quer dizer tirar o combate das mulheres do “ghetto” e fazer dessa igualdade um objectivo em todas as políticas sectoriais. … Falta ganhar a batalha da sociedade, a batalha das mentalidades. Essa passa por um conceito de responsabilidade partilhada na vida doméstica e familiar, pela igualdade de acesso aos postos de decisão, por um estatuto de independência da mulher em matéria financeira e fiscal, pela efectiva punição da violência doméstica e da discriminação baseada no sexo. Muita coisa pode estar na lei mas, se não tiver entrado nas cabeças, não passa à prática”
- Resposta de HVS a inquérito do jornal Público, em outubro de 1998
(…) “Acho que as mulheres tendem a dominar aquilo em que se metem. Não sendo a cultura tradicionalmente uma área de poder, os homens terão deixado aí, talvez por isso, campo livre às mulheres. Mas agora começa a sê-lo. Começa-se a perceber, no novo milénio, que é pela cultura que se vai lá. É uma arma, tanto para o avanço pessoal, como para o desenvolvimento de regiões deprimidas como para as relações internacionais.
A verdadeira questão é saber quando haverá mulheres à frente de instituições de todo o tipo e mulheres que não precisem de se armar em homens para aí estarem A verdadeira questão é saber quanto mais tempo teremos de perder até que se estabeleça um equilíbrio saudável entre os princípios feminino e masculino na sociedade. Será o caminho para mais tolerância e mais harmonia.”
- Respostas a inquérito sobre Mulheres e Cultura, em agosto de 1999
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