«Estamos em 2017. E não é que ainda vamos bem a tempo de nos
surpreendermos? Em pleno Cais do Sodré, lugar de depósito das lamúrias
laborais da semana, surge algo que nos quer a qualquer hora. A
livraria-bar Menina e Moça é a nova vizinha do lado do
Sol & Pesca, na Rua Nova do Carvalho, e pretende provar que misturar
literatura e copos não tem que ser proibido. Mais: que os livros não
têm que ser vistos como uma seca.
Aberta desde o início de Fevereiro pela mão da proprietária Cristina
Ovídio (editora do Clube do Autor), a Menina e Moça insere-se num
roteiro altamente turístico e com queda para o exagero durante o
fim-de-semana. “Acabámos de abrir, isto ainda é um espaço desconhecido e
as pessoas acabam por entrar um pouco a medo, devem ter a ideia que
isto é um lugar restrito, mas nada disso, isto também é um bar, faz uns
cocktails fantásticos dedicados à lusofonia que vão lindamente com umas
leituras”, confirma Cristina.
Perca-se o receio. Basta entrar e ficar cinco minutos a olhar o tecto
ilustrado por João Fazenda para querer ficar. Cuidado com os
torcicolos, são tramados na hora de pegar num livro. Livros? “Tenho à
volta de quatro mil e tal. São sobretudo autores lusófonos, é claro que
faltam autores essenciais como a Sophia de Mello Breyner ou o Herberto
Helder, mas acontece que estes são aqueles que tinha disponíveis e que
consegui arranjar na editora. Depois tenho uma grande colecção de física
nuclear, que herdei do meu pai, bem como de poesia.”
As traduções são outra aposta forte da Menina e Moça: com obras de
Fernando Pessoa, Saramago, Mário de Sá-Carneiro, Cesário Verde, tudo em
inglês, e que Cristina deseja ter em mais línguas. Mas há que ter boca
para ler. No menu há tábua d’As Viagens na Minha Terra (fumeiro do Norte
de Portugal) por 8,50€; tartes do dia (4,50€), imperial a 1,50€ e
ainda vinhos e cocktails para todos os gostos. Menina e Moça: esperemos
que dure até ficar velha.»
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