sexta-feira, 24 de março de 2017

Vai uma leitura no Cais do Sodré?


«Estamos em 2017. E não é que ainda vamos bem a tempo de nos surpreendermos? Em pleno Cais do Sodré, lugar de depósito das lamúrias laborais da semana, surge algo que nos quer a qualquer hora. A livraria-bar Menina e Moça é a nova vizinha do lado do Sol & Pesca, na Rua Nova do Carvalho, e pretende provar que misturar literatura e copos não tem que ser proibido. Mais: que os livros não têm que ser vistos como uma seca. 
Aberta desde o início de Fevereiro pela mão da proprietária Cristina Ovídio (editora do Clube do Autor), a Menina e Moça insere-se num roteiro altamente turístico e com queda para o exagero durante o fim-de-semana. “Acabámos de abrir, isto ainda é um espaço desconhecido e as pessoas acabam por entrar um pouco a medo, devem ter a ideia que isto é um lugar restrito, mas nada disso, isto também é um bar, faz uns cocktails fantásticos dedicados à lusofonia que vão lindamente com umas leituras”, confirma Cristina. 
Perca-se o receio. Basta entrar e ficar cinco minutos a olhar o tecto ilustrado por João Fazenda para querer ficar. Cuidado com os torcicolos, são tramados na hora de pegar num livro. Livros? “Tenho à volta de quatro mil e tal. São sobretudo autores lusófonos, é claro que faltam autores essenciais como a Sophia de Mello Breyner ou o Herberto Helder, mas acontece que estes são aqueles que tinha disponíveis e que consegui arranjar na editora. Depois tenho uma grande colecção de física nuclear, que herdei do meu pai, bem como de poesia.”  
As traduções são outra aposta forte da Menina e Moça: com obras de Fernando Pessoa, Saramago, Mário de Sá-Carneiro, Cesário Verde, tudo em inglês, e que Cristina deseja ter em mais línguas. Mas há que ter boca para ler. No menu há tábua d’As Viagens na Minha Terra (fumeiro do Norte de Portugal) por 8,50€; tartes do dia (4,50€), imperial a 1,50€ e ainda vinhos e cocktails para todos os gostos. Menina e Moça: esperemos que dure até ficar velha.»
 

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