"Se pensarmos
bem, a performance não é irónica: Benjamin Clementine e o seu baterista
não se apresentam em palco sem sapatos e sem camisa porque querem
comentar ou ter uma perspectiva lúdica sobre o que foi a vida crítica de
sem-abrigo do artista (emigrado de Londres para Paris com 19 anos,
fugido da família, só com 60euros e uma mala cheia de esparguete,
Clementine dorme underground em soleiras, arcadas, praças, onde desse e
depois corre um ano a viver em hostels de 20euro/dia a dividir quartos
com 10, sempre em busca das camas de baixo onde pudesse guardar uma
viola meia partida e um órgão barato de ligar à corrente). Não, eles
apresentam-se em palco sem sapatos e sem camisa porque é assim que o
público anseia poder vê-los - para poder experimentar ao vivo a pobreza e
poder participar no processo de superação do artista que começou como
homem pobre e na adversidade foi (e nos ventos do metro parisiense)
descoberto, amparado, lapidado e agora está ali em consagração, coisa
que acontece desde o primeiro minuto em que esta quarta-feira entrou no
palco da sala Suggia da Casa da Música, no Porto.(...)Com um único disco lançado no
início deste ano ("At least for now"), já é muito popular, Clementine:
as cinco datas em Portugal estão a correr esgotadas e a sala mais
pequena, o Teatro das Figuras em Faro, onde toca este sábado, é de 600
lugares, e a maior é a do Coliseu de Lisboa, que vai encher esta
sexta-feira dentro do festival Vodafone Mexefest."
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